sábado, 18 de março de 2017

PESQUISA QUILOMBO DE CAMIRANGA NO PARÁ ( RASCUNHO )

Antes de começarmos adentrar na comunidade quilombola de camiranga e falarmos sobre o negro afro descendente morador da comunidade onde segundo a história migraram do estado do maranhão nos séculos passados para estas bandas e fixaram residência as margens do Rio Gurupi no estado do Pará. O quilombo tem todo uma história a preservar e seus sábios contadores de histórias a relatar.  

Vamos voltar no tempo e no espaço e se reportar até a África no século XVI e vivenciar a história da África contada pelos historiadores, no momento da saída do negro do continente africano atravessando o atlântico para o Brasil, quando milhões de  africanos "deixaram" forçadamente o continente africano e despontarem no Brasil para exercer o trabalho compulsório.
A costa oeste africana e o litoral brasileiro já estiveram conectados á séculos passados, os dois territórios começaram a se separar e assumiram as atuais posições, afastados milhares de quilômetros pelo Oceano Atlântico. O mar que os separa é também o responsável pela ligação entre eles nos tempos modernos: 4,4 milhões de africanos o cruzaram contra a vontade entre os séculos XVI e XIX em direção ao Brasil, essas pessoas tiveram um papel importante na construção do nosso país. “A África está em nós, em nossa cultura, em nossa vida, independentemente de nossa origem pessoal”.
 O tráfico negreiro e a escravidão determinaram o presente do nosso país. A população negreiro vinda do continente africano criou aqui raízes, família, cultura, história. A maior problemática desse estudo que o historiador faz sobre o negro e quanto a sua origem de que aldeia de que povo pertencia, ao deportar ao Brasil até chegarem aos quilombos, para que possamos traçar um perfil biológico de que etnia pertence.
De acordo com VAINFAS (2001 p.66), durante o período colonial, quase nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos traficados para o Brasil. Porém, ao longo do período passou-se a designá-los a partir da região ou porto de embarque, ou seja, das áreas de procedência.
Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os Sudaneses. Os bantos foram assim, classificados devido à relativa unidade lingüística dos africanos oriundos de Angola, Congo e Moçambique.
Vainfas (2001, p. 67) destaca que:
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na região sudeste, mas espalhados por toda a parte do Brasil. Os Bantos oriundos do Congo eram chamados de congo, muxicongo ,loango, cabina, monjolo, ao passo que os de Angola o eram de massangana, cassange, loanda, rebolo, cabundá, quissamã.
Essa diversidade fez com os Bantos apresentassem uma especificidade cultural, notadamente na lingüística, nos costumes e, principalmente, no campo religioso, que mesclou aspectos do cristianismo com suas tradições religiosas.
De acordo com Kavinajé (2009, p. 3):
Os bantos, depois de um primeiro período de autonomia religiosa, que se conhece através de documentos históricos, assistiram à transformação de seus cultos. Por um lado, esses deram lugar á macumba; por outro, amoldaram-se às regras dos candomblés nagôs, não se distinguindo deles senão por uma maior tolerância. Os cultos bantos em gradativo declínio acolheram os espíritos dos índios, o que iria levar ao surgimento de um "candomblé de cablocos", e adotaram cantos em língua portuguesa, ao passo que os candomblés nagôs só usam cantos em língua africana.
Já os sudaneses provenientes da África ocidental, Sudão e da Costa da Guiné, contribuíram culturalmente para a formação de uma identidade afro-brasileira, visto que muito de suas práticas culturais imperam atualmente como, por exemplo, o candomblé, prática religiosa dos escravos sudaneses.
No Brasil estes grupos: bantos e sudaneses misturaram-se resultando em cruzamentos biológicos, culturais e religiosos.
Tendo como base de pesquisa os grupos banto e sudaneses que possivelmente são eles que formaram praticamente a sociedade brasileira pelo modo que desenvolveram as práticas culturais, sociais econômicas e religiosas, estudos anteriores executados pelos historiadores sobre a origem dos negros vindo para o Brasil está fundamentada praticamente em duas etnias a “banto e sudanesa”, por isso a dificuldade dos negros nos quilombos principalmente na comunidade quilombola de camiranga onde este historiador desenvolve a sua pesquisa, esses negros se confundem a saber a sua origem acertadamente podemos assim não afirmar diretamente mas indo de encontro a sua origem tomando como base o seu modo de vida como costumes e culto religioso se banto ou sudanês que são diferenciados.
Após termos sintetizado até aqui esse texto, com  a chegada dos negros no Brasil e acompanhado a sua trajetória não muito agradável nas regiões brasileiras onde numa linguagem popular foram achacoalhados pelos senhores dos engenhos de todas as formas, e tentando identificar a sua procedência desde a sua saída e chegada em território brasileiro, a nossa linha de pesquisa está fundamentada sobre o quilombo e especificamente o quilombo de camiranga situada á margem do Rio Gurupi no Pará.
Ao iniciarmos o estudo propriamente dito sobre o quilombo de camiranga vamos tomar como base a “oralidade” como forma do primeiro encontro do quilombola com esse historiador para poder chegar a ter em mãos os primeiros escritos e rascunhos como sendo as primeiras informações necessárias sobre esse quilombo.
Optar pela história oral como uma alternativa de estudo referente à vida social de
pessoas, além de mexer no conceito de “personagem histórico”, trabalha, também, evidenciando a trilha da história dos “cidadãos comuns” em uma rotina explicada a lógica da vida coletiva de gerações que vivem no presente caracterizada como história do “tempo presente” é conhecida como história viva.
Para maior entendimento dos leitores vamos conceituar a “oralidade” que  é a transmissão oral dos conhecimentos armazenados na memória humana.
 Antes do surgimento da escrita, todos os conhecimentos eram transmitidos oralmente. Por muitos séculos o sistema oral, a oralidade, foi o principal meio de comunicação dos homens. A memória auditiva e visual eram os únicos recursos de que dispunham as culturas orais para o armazenamento e a transmissão do conhecimento às futuras gerações.  A inteligência estava intimamente relacionada a memória.
Há verdades que são gravadas nas memórias das pessoas mais velhas e em mais nenhum lugar, eventos do passado que só eles podem explicar-nos, vistas sumidas que só eles podem lembrar. (SAMUEL, 1989-1990, p. 230).
Contextualizando o primeiro parágrafo sobre o quilombo de camiranga apresentarei aos leitores a minha vivencia de perto, as minhas andanças de casa em casa pesquisando a comunidade quilombola de Camiranga, onde fiquei enclausurado por alguns dias naquela comunidade, visitando as casas dos moradores do quilombo sendo testemunhado por vários (as) personagens de grande avalia para ordenamento deste trabalho, onde fui mui recebido pelos quilombolas tomei o vinho de açaí, bacaba, vinho de cupuaçú almocei carne de caça como jabuti e tatu.
Situado fronteira Pará/Maranhão nordeste do Estado do Pará, banhada pelo Rio Gurupi, “Camiranga” termo de origem tupi que significa urubú-de-cabeça-vermelha, onde tive uma reflexão acerca do locus comunal africano e a organização de um mundo singular. Neste espaço, pode-se aproximar o “ontem do hoje” num processo dinâmico, sem perder de vista a essência de suas tradições, vale lembrar na visão deste pesquisador que no hoje no tempo e no espaço a comunidade está perdendo aos poucos sua identidade salientamos o porque da preocupação, é que os mais velhos estão sendo vencido pela idade e os mais novos não se interessam a preservar a história de seus ancestrais, o mais preocupante nisso tudo que os jovens não querem mais se identificar como negros quando são sabatinado por algum órgão de cunho privado ou governamental, já confirma: Vó e mãe Pascoa e filha Nelita. Pascoa é a lider da comunidade quilombola e Nelita é sua filha que juntas dirigem o quilombo.
O universo cultural ancestral que os foi legado, encontra-se presente com certas dificuldade em suas vivências e é o que, de certo modo, tem afirmado a sua identidade e existência enquanto comunidade remanescente de negros que migraram do maranhão como fuga, onde seus pais avós e bisavós lá existentes se firmaram em outras comunidades fixando residências nas matas do Pará. Foi ao longo dos séculos XVIII e XIX que se formou a maior parte dos quilombos no atual Estado do Pará. A fuga para esses aldeamentos, conhecidos também por mocambos, o negro fugitivo conquistava a garantia de liberdade de ação e de movimento. A fuga para os mocambos representava, no início, uma solução difícil e arriscada. O escravo aventurava-se sozinho, indo abrigar-se, muitas vezes, em aldeias indígenas, quando da formação do quilombo, já dizia a vó vita de 95 anos que os índios da aldeia tembé vinham para o aldeamento camiranga totalmente nú, segundo ela eles eram malínos pegavam as crianças maltratavam e perseguiam as famílias dos negros.
A fuga passou a ser uma estratégia coletiva de resistência ao regime escravista que ficou pra traz.
Organizada a fuga, os quilombos cresceram rapidamente, pois eram o principal foco de atração dos negros que escapavam das cidades e das fazendas. A fuga de escravos tornou-se um processo contínuo e rotineiro a partir da segunda metade do século XVIII e início do XIX, quando também aumentaram as notícias sobre os quilombos na imprensa local.

Esses negros vindos do Maranhão, onde trabalhavam na lavoura de algodão vieram fugidos ao longo do século de fazendeiros de café de São Paulo e canaviais, estando eles fixado na região maranhense com o tempo observaram que na região do Pará precisamente nas cercanias do rio Gurupí onde estava formado o Município Cachoeira do Piriá, algumas famílias pertencentes de quilombos maranhense migraram para região do Pará onde explodia a febre do ouro de aluvião a partir do século XVIII na região que compreendia a primitiva capitania do Gurupí, essas famílias se concentraram na região que compreende hoje o território de camiranga formando a seguir uma associação de negros de camiranga e ao longo do tempo Quilombo de Camiranga, essas famílias sobreviveram e ainda a maioria sobrevive da roça, extrativismo e da pesca, plantam mandioca para produção da farinha, milho, arroz, feijão, melancia e coletam fruta nativa como cupuaçú, bacurí, açaí e bacaba. Afirmando sim que antes uma associação de negros sem as excluir da condição que as faz aportar no mundo, como indivíduos contemporâneos.
O processo cultural herdado de  seus antecedentes é em grande medida transmitido pela oralidade de pessoas residentes no quilombo, como as avós quilombolas idôneas de idades que  variam de 75 a 96 anos entrevistadas por este historiador á vó vita, a vó  páscoa á vó cacilda são pessoas que são verdadeiras bibliotecas humanas que tem em suas memórias toda uma vivência e história para relatar, bem parecido com o griot africano.” Griot é como são chamados, em alguns povos da África, os contadores de histórias. Possuem uma função especial que é a de narrar as tradições e os acontecimentos de um povo. O costume de sentar-se embaixo de árvores ou ao redor de fogueiras para ouvir as histórias e os cantos, perdura até hoje.
A construção da história de base oral é marca dos povos africanos antigos e o griot tem papel fundamental em sua estruturação.
Sequenciando a narrativa, essas vovós são moradoras do quilombo a  negra como a vó “vita” de 95 anos de idade de  que corresponde à natureza da memória, “reservatório” de gerações sucessivas, com a mesma força vital em forma de relato, canto e emoção, reelaborando a história e a vida no cotidiano da comunidade.
Contadores de histórias, religiosos, agricultores, trabalhadores de fornos de farinha –“apanhadores”, “catadores(as) de frutas” também contribui para formação do quilombo de camiranga.

 As tradições orais, as práticas culturais, as festas as rezas, contemplam a história do quilombo. E para que este trabalho ganhe força vital, é necessário a participação de toda a comunidade, dessa maneira, a memória e os saberes das crianças e dos jovens quilombolas não passam incólumes no interior da comunidade. Optar pela história oral como uma alternativa de estudo referente à vida social de pessoas, além de mexer no conceito de “personagem histórico”, trabalha, também, com a questão do cotidiano, evidenciando a trilha da história dos “cidadãos comuns” em uma rotina explicada na lógica da vida coletiva de gerações que vivem no presente.
As fontes orais fornecem, potencialmente elementos que permitem de uma forma muito mais orgânica apreender as dinâmicas dos grupos e dos sujeitos em seus afazeres, valores, normas, comportamentos, etc. Apreender tudo isso, significa trabalhar com a complexidade da realidade social.
A tradição oral constitui um patrimônio predominante junto ao seio dessa comunidade. Através dessa pesquisa permitiu-se conhecer melhor o conjunto de valores sociais, religiosos e educacionais veiculados por esta oralidade, os dados significativos da trajetória histórica dessa comunidade negra urbana, bem como a sua cadeia de transmissão e de quebra dessa oralidade e, principalmente como esse patrimônio foi bem utilizado para construir, manter e ressignificar a identidade étnica dessa comunidade.
A identidade étnica aqui esta sendo entendida como um processo identitário (Nóvoa,1992, Hall, 1997).
A questão da história oral, ela trás à tona elementos que têm permitido compreender como as pessoas recordam e constroem suas memória bem como tece sua identidade enquanto sujeito étnico. Em se tratando de um método que cria seus próprios documentos, que são por definições diálogos explícitos com a memória do depoente, formando assim um triângulo entre a experiência do passado, o contexto presente e a cultura que se recorda, isso faz com que as fontes orais sejam resultantes de um trabalho da memória.
Relatando Raimundo Amorim um dos negros filho da negra Maria Cacilda dos Santos, 96 anos de idade que as manifestações mais significativas resistiram e se mantém, o ‘tambor de criola” atualmente festeja-se a festa de São Sebastião em janeiro também a comunidade absorveu a festa profana da cidade como o carnaval em fevereiro para março as quadrilhas juninas e em setembro a festa religiosa Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em outubro, a festa de São Benedito o santo Padroeiro em dezembro. Nas festas dos santos há procissão, ladainhas levantamentos do mastro e derrubada de mastro, musica e dança. 
No dia 7 de setembro uma grande programação com disputas de futebol e festa animada regada á música e dança com o povo da comunidade e quilombos convidados e ao mesmo tempo com comunidades aos arredores do quilombo de camiranga, segundo o relato de D.a. Vita negra de 95 anos segundo o seu perfil ela, nasceu na comunidade a sua mãe era índia pega de laço e seu pai era negro vindo do maranhão onde está concentrado a maior quantidade de negro fugidos na época colonial das fazenda de café.
Foi absorvido pela comunidade a festa do divino que ocorria em maio com muita animação e elaboração de rituais africanos.
O tambor de criola é uma forte expressão da cultura local, embora fragilizada ao longo do tempo, na sucessão das gerações. O tambor de criola compreende canticos e danças acompanhadas de tambores diferenciados os homens tocam agachados com os tambores entre as pernas, as mulheres dançam, sacudindo em volteios e requebros, as mulheres vestidas com saias coloridas e rodadas.
 Permanecendo apenas a Irmandade do Divino e de São Benedito, o santo negro da comunidade. Segundo Del Priore isso acontece porque: Sendo simultaneamente fenômenos comunitários e hierárquicos elas exprimem solidariedade de grupos sociais subordinados a uma paróquia, reforçando tanto os laços de obediência à Igreja e aos poderes metropolitanos quanto aqueles internos, entre os membros de uma comunidade. (Del Priore, 1994, p. 23).
Segundo relato local uma das primeiras religiões a chegar na comunidade de camiranga foi a católica, o padre vinha da cidade de Ourém hoje município do estado do Pará ele se hospedava na casa de Da. Vicença outra negra moradora do quilombo, dizia ela que quando se rezava a missa não se faziam festas só no outro dia depois que o padre se retirava da comunidade, o padre não misturava o espiritual com o profano, já afirma o negro nazareno como é chamado que as festas foi enfraquecendo, as festas religiosas do quilombo foram lentamente desaparecendo foi devido a interesses pessoais confundindo religião com cultura segundo a sua opinião religião não é cultura, tambor de criola é cultura. ( grifo meu ).

O negro Raimundo Amorim afirma em relato que a comunidade vivia em paz na época do ouro, não se via inimigos do alheio podia se deixar até ouro na porta de casa que ninguém levava, pois nesse tempo o quilombo vivia em plena época do ouro que descia pelo Rio Gurupi... ( segue pesquisa )

FORMAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO DOS TERREIROS DE CAMDOBLÉ  NA ÉPOCA COLONIAL

Final do século XVII a meados do XIX, os povos Nagôs-Iorubá e Jeje-Fon , que ocupavam as regiões que correspondem hoje ao Benim e á Nigéria, tornaram-se as principais vítimas do processo escravagista na costa ocidental do continente africano. E dentre os homens  e mulheres que eram embarcados nos navios negreiros rumos ao Brasil, nos portos de Uidah no antigo Dahomé e Onin na Nigéria, estavam presentes sacerdotes conhecedores de práticas religiosas, responsáveis, pelo culto aos seus ancestrais e aos Orixás.

Ao atravessar o Atlântico negro , esta cultura que pelo seu caráter híbrido não se encontra restrita ás fronteiras étnicas ou nacionais.

É possível notar a materialidade das relações intraculturais na constituição dos terreiros de Candomblé, espaços particulares de culto aos orixás que representam e ressignificam elementos de uma África mítica que permaneceu viva no imaginário dos africanos e de seus descentes do Brasil.

Os terreiros de Candomblé, apesar de serem de origem brasileira, estruturam-se sobre os moldes e modelos tanto das tradições sociais de ordem coletivas, quanto das de familiares dos povos Iorubá e Fon, já que foram estes os responsáveis pelo estabelecimento do culto aos orixás no Brasil.

Dentre os povos chegados ao Brasil que contribuíram diretamente para tal organização estavam: os Ifon que cultuavam Oxalufon ou Oxalufã ; - Obatalá ou Oxalá; Oyó – Xangô; Ekit – Ogum; Ijexa – Ogum; Ilobu – Inlé; Egbá – Iemanjá; Ilexa – Logum Edé; Ejibo –Oxoguian; Ketu – Oxossi e Savé – Omolu , ambos compondo universo mítico ioruba, entre outros como os: Mahi, que trouxeram o culto a Sapata, Nanã Buruka e Dan – Oxumaré; Modubim, que trouxeram o culto a Hevioso, Sgobo e Badé.Em meio a estes,os povos que chegaram em maior quantidade foram os Oyó e os Ketu, o que justifica a proeminência do culto ao orixá Xangô e Oxossi nos terreiros de Candomblés ( Beniste, 2003:21 ).

HISTÓRICO E FESTA BUMBA MEU BOI

Em seu isolamento, os quilombos desenvolveram seus próprios cerimoniais e festividades. Considere o satírico bumba meu boi, celebrado por todos os quilombos do Norte-nordeste do Brasil. Eles prestam homenagem à fábula do Pai Francisco, um escravo dominado pela esposa que, grávida, tem o desejo de comer língua de boi. (... ) O boi quase morto, por fim, religiosos nativos trazem o animal de volta à vida sob baforadas de tabaco, água de cheiro e o tilintar de chocalhos: o arsenal típico usado nos quilombos para a cura. A multidão vibra enquanto o boi, cambaleando, se põe de pé.

Inserido na cultura popular, é no estado do Maranhão que a festa do Bumba meu boi tem maior representatividade, nas festas em comemoração aos santos populares.

A festa ocorre nos meses de junho e julho, em São Luís, desde o século XVIII. A festa tem ligações com diversas tradições, africanas, indígenas, inclusive com festas religiosas católicas, sendo associada fortemente ao período de festas juninas. Sua realização geralmente relaciona-se ao cumprimento  de alguma promessa a um santo, habitualmente São João, Santo Antônio e São Pedro, portanto num ciclo de promessa e de graça ou milagre que pode ser tão longo quanto o tempo da própria cura.

 




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