Antes de começarmos adentrar na comunidade quilombola de camiranga e
falarmos sobre o negro afro descendente morador da comunidade onde segundo a
história migraram do estado do maranhão nos séculos passados para estas bandas e
fixaram residência as margens do Rio Gurupi no estado do Pará. O quilombo tem
todo uma história a preservar e seus sábios contadores de histórias a relatar.
Vamos voltar no tempo e no espaço e se reportar até a África no século
XVI e vivenciar a história da África contada pelos historiadores, no momento da
saída do negro do continente africano atravessando o atlântico para o Brasil, quando milhões de
africanos "deixaram"
forçadamente o continente africano e despontarem no Brasil para exercer o
trabalho compulsório.
A costa oeste africana e o litoral brasileiro já estiveram
conectados á séculos passados, os dois territórios começaram a se separar e
assumiram as atuais posições, afastados milhares de quilômetros pelo Oceano
Atlântico. O mar que os separa é também o responsável pela ligação entre eles
nos tempos modernos: 4,4 milhões de africanos o cruzaram contra a vontade entre
os séculos XVI e XIX em direção ao Brasil, essas pessoas tiveram um papel
importante na construção do nosso país. “A África está em nós, em nossa
cultura, em nossa vida, independentemente de nossa origem pessoal”.
O tráfico negreiro e
a escravidão determinaram o presente do nosso país. A população negreiro vinda
do continente africano criou aqui raízes, família, cultura, história. A maior
problemática desse estudo que o historiador faz sobre o negro e quanto a sua
origem de que aldeia de que povo pertencia, ao deportar ao Brasil até chegarem
aos quilombos, para que possamos traçar um perfil biológico de que etnia
pertence.
De acordo com VAINFAS (2001 p.66), durante o período
colonial, quase nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos traficados
para o Brasil. Porém, ao longo do período passou-se a designá-los a partir da
região ou porto de embarque, ou seja, das áreas de procedência.
Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois
grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os Sudaneses. Os bantos foram
assim, classificados devido à relativa unidade lingüística dos africanos
oriundos de Angola, Congo e Moçambique.
Vainfas (2001, p. 67) destaca que:
Os povos bantos predominaram entre os escravos traficados
para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na região sudeste, mas
espalhados por toda a parte do Brasil. Os Bantos oriundos do Congo eram chamados
de congo, muxicongo
,loango, cabina, monjolo, ao passo que os de Angola o eram de massangana,
cassange, loanda, rebolo, cabundá, quissamã.
Essa diversidade fez com os Bantos apresentassem uma
especificidade cultural, notadamente na lingüística, nos costumes e,
principalmente, no campo religioso, que mesclou aspectos do cristianismo com
suas tradições religiosas.
De acordo com Kavinajé (2009, p. 3):
Os bantos, depois de um primeiro período de autonomia
religiosa, que se conhece através de documentos históricos, assistiram à
transformação de seus cultos. Por um lado, esses deram lugar á macumba; por
outro, amoldaram-se às regras dos candomblés nagôs, não se distinguindo deles
senão por uma maior tolerância. Os cultos bantos em gradativo declínio
acolheram os espíritos dos índios, o que iria levar ao surgimento de um
"candomblé de cablocos", e adotaram cantos em língua portuguesa, ao
passo que os candomblés nagôs só usam cantos em língua africana.
Já os sudaneses provenientes da África ocidental, Sudão e
da Costa da Guiné, contribuíram culturalmente para a formação de uma identidade
afro-brasileira, visto que muito de suas práticas culturais imperam atualmente
como, por exemplo, o candomblé, prática religiosa dos escravos sudaneses.
No Brasil estes grupos: bantos e sudaneses misturaram-se
resultando em cruzamentos biológicos, culturais e religiosos.
Tendo como base de pesquisa os grupos banto e sudaneses que
possivelmente são eles que formaram praticamente a sociedade brasileira pelo
modo que desenvolveram as práticas culturais, sociais econômicas e religiosas, estudos
anteriores executados pelos historiadores sobre a origem dos negros vindo para
o Brasil está fundamentada praticamente em duas etnias a “banto e sudanesa”,
por isso a dificuldade dos negros nos quilombos principalmente na comunidade quilombola
de camiranga onde este historiador desenvolve a sua pesquisa, esses negros se
confundem a saber a sua origem acertadamente podemos assim não afirmar
diretamente mas indo de encontro a sua origem tomando como base o seu modo de
vida como costumes e culto religioso se banto ou sudanês que são diferenciados.
Após termos sintetizado até aqui esse texto, com a chegada dos negros no Brasil e acompanhado a
sua trajetória não muito agradável nas regiões brasileiras onde numa linguagem
popular foram achacoalhados pelos senhores dos engenhos de todas as formas, e
tentando identificar a sua procedência desde a sua saída e chegada em
território brasileiro, a nossa linha de pesquisa está fundamentada sobre o
quilombo e especificamente o quilombo de camiranga situada á margem do Rio Gurupi no Pará.
Ao iniciarmos o estudo propriamente dito sobre o quilombo
de camiranga vamos tomar como base a “oralidade” como forma do primeiro encontro
do quilombola com esse historiador para poder chegar a ter em mãos os primeiros
escritos e rascunhos como sendo as primeiras informações necessárias sobre esse
quilombo.
Optar pela história
oral como uma alternativa de estudo referente à vida social de
pessoas, além de
mexer no conceito de “personagem histórico”, trabalha, também, evidenciando a
trilha da história dos “cidadãos comuns” em uma rotina explicada a lógica da
vida coletiva de gerações que vivem no presente caracterizada como história do
“tempo presente” é conhecida como história viva.
Para maior entendimento dos
leitores vamos conceituar a “oralidade” que é a transmissão oral dos conhecimentos armazenados na memória humana.
Antes do surgimento da escrita, todos os
conhecimentos eram transmitidos oralmente. Por muitos séculos o sistema oral, a
oralidade, foi o principal meio de comunicação dos homens. A memória auditiva e visual eram os únicos
recursos de que dispunham as culturas orais para o armazenamento e a
transmissão do conhecimento às futuras gerações. A inteligência estava intimamente relacionada a
memória.
Há verdades que
são gravadas nas memórias das pessoas mais velhas e em mais nenhum lugar,
eventos do passado que só eles podem explicar-nos, vistas sumidas que só eles
podem lembrar. (SAMUEL, 1989-1990, p. 230).
Contextualizando o
primeiro parágrafo sobre o quilombo de camiranga apresentarei aos leitores a
minha vivencia de perto, as minhas andanças de casa em casa pesquisando a
comunidade quilombola de Camiranga, onde fiquei enclausurado por alguns dias
naquela comunidade, visitando as casas dos moradores do quilombo sendo
testemunhado por vários (as) personagens de grande avalia para ordenamento
deste trabalho, onde fui mui recebido pelos quilombolas tomei o vinho de açaí,
bacaba, vinho de cupuaçú almocei carne de caça como jabuti e tatu.
Situado fronteira
Pará/Maranhão nordeste do Estado do Pará, banhada pelo Rio Gurupi, “Camiranga” termo
de origem tupi que significa urubú-de-cabeça-vermelha, onde tive uma reflexão
acerca do locus comunal africano e a organização de um mundo singular.
Neste espaço, pode-se aproximar o “ontem do hoje” num processo dinâmico, sem
perder de vista a essência de suas tradições, vale lembrar na visão deste
pesquisador que no hoje no tempo e no espaço a comunidade está perdendo aos
poucos sua identidade salientamos o porque da preocupação, é que os mais velhos
estão sendo vencido pela idade e os mais novos não se interessam a preservar a
história de seus ancestrais, o mais preocupante nisso tudo que os jovens não
querem mais se identificar como negros quando são sabatinado por algum órgão de
cunho privado ou governamental, já confirma: Vó e mãe Pascoa e filha Nelita.
Pascoa é a lider da comunidade quilombola e Nelita é sua filha que juntas
dirigem o quilombo.
O universo
cultural ancestral que os foi legado, encontra-se presente com certas
dificuldade em suas vivências e é o que, de certo modo, tem afirmado a sua
identidade e existência enquanto comunidade remanescente de negros que migraram
do maranhão como fuga, onde seus pais avós e bisavós lá existentes se firmaram
em outras comunidades fixando residências nas matas do Pará. Foi
ao longo dos séculos XVIII e XIX que se formou a maior parte dos quilombos no
atual Estado do Pará. A fuga para esses aldeamentos, conhecidos também por
mocambos, o negro fugitivo conquistava a garantia de liberdade de ação e de
movimento. A fuga para os mocambos representava, no início, uma solução difícil
e arriscada. O escravo aventurava-se sozinho, indo abrigar-se, muitas vezes, em
aldeias indígenas, quando da formação do quilombo, já dizia a vó vita de 95
anos que os índios da aldeia tembé vinham para o aldeamento camiranga
totalmente nú, segundo ela eles eram malínos pegavam as crianças maltratavam e
perseguiam as famílias dos negros.
A fuga passou a ser uma estratégia
coletiva de resistência ao regime escravista que ficou pra traz.
Organizada a fuga, os quilombos cresceram
rapidamente, pois eram o principal foco de atração dos negros que escapavam das
cidades e das fazendas. A fuga de escravos tornou-se um processo contínuo e
rotineiro a partir da segunda metade do século XVIII e início do XIX, quando
também aumentaram as notícias sobre os quilombos na imprensa local.
Esses negros vindos do
Maranhão, onde trabalhavam na lavoura de algodão vieram fugidos ao longo do
século de fazendeiros de café de São Paulo e canaviais, estando eles fixado na
região maranhense com o tempo observaram que na região do Pará precisamente nas
cercanias do rio Gurupí onde estava formado o Município Cachoeira do Piriá,
algumas famílias pertencentes de quilombos maranhense migraram para região do
Pará onde explodia a febre do ouro de aluvião a partir do século XVIII na
região que compreendia a primitiva capitania do Gurupí, essas famílias se
concentraram na região que compreende hoje o território de camiranga formando a
seguir uma associação de negros de camiranga e ao longo do tempo Quilombo de Camiranga,
essas famílias sobreviveram e ainda a maioria sobrevive da roça, extrativismo e
da pesca, plantam mandioca para produção da farinha, milho, arroz, feijão,
melancia e coletam fruta nativa como cupuaçú, bacurí, açaí e bacaba. Afirmando
sim que antes uma associação de negros sem as excluir da condição que as faz
aportar no mundo, como indivíduos contemporâneos.
O processo cultural herdado de seus antecedentes é em grande medida
transmitido pela oralidade de pessoas residentes no quilombo, como as avós
quilombolas idôneas de idades que variam
de 75 a
96 anos entrevistadas por este historiador á vó vita, a vó páscoa á vó cacilda são pessoas que são
verdadeiras bibliotecas humanas que tem em suas memórias toda uma vivência e
história para relatar, bem parecido com o griot africano.” Griot
é como são chamados, em alguns povos da África, os contadores de histórias.
Possuem uma função especial que é a de narrar as tradições e os acontecimentos
de um povo. O costume de sentar-se embaixo de árvores ou ao redor de fogueiras
para ouvir as histórias e os cantos, perdura até hoje.
A
construção da história de base oral é marca dos povos africanos antigos e o
griot tem papel fundamental em sua estruturação.
Sequenciando
a narrativa, essas vovós são moradoras do quilombo a negra como a vó “vita” de 95 anos de idade de que corresponde à natureza da memória,
“reservatório” de gerações sucessivas, com a mesma força vital em forma de
relato, canto e emoção, reelaborando a história e a vida no cotidiano da
comunidade.
Contadores
de histórias, religiosos, agricultores, trabalhadores de fornos de farinha
–“apanhadores”, “catadores(as) de frutas” também contribui para formação do
quilombo de camiranga.
As tradições orais, as práticas culturais, as
festas as rezas, contemplam a história do quilombo. E para que este trabalho ganhe
força vital, é necessário a
participação de toda a comunidade, dessa maneira, a memória e os saberes das
crianças e dos jovens quilombolas não passam incólumes no interior da
comunidade. Optar pela história oral como uma alternativa de estudo referente à
vida social de pessoas, além de mexer no conceito de “personagem histórico”,
trabalha, também, com a questão do cotidiano, evidenciando a trilha da história
dos “cidadãos comuns” em uma rotina explicada na lógica da vida coletiva de
gerações que vivem no presente.
As fontes orais
fornecem, potencialmente elementos que permitem de uma forma muito mais
orgânica apreender as dinâmicas dos grupos e dos sujeitos em seus afazeres,
valores, normas, comportamentos, etc. Apreender tudo isso, significa trabalhar
com a complexidade da realidade social.
A tradição oral
constitui um patrimônio predominante junto ao seio dessa comunidade. Através
dessa pesquisa permitiu-se conhecer melhor o conjunto de valores sociais,
religiosos e educacionais veiculados por esta oralidade, os dados
significativos da trajetória histórica dessa comunidade negra urbana, bem como
a sua cadeia de transmissão e de quebra dessa oralidade e, principalmente como
esse patrimônio foi bem utilizado para construir, manter e ressignificar a
identidade étnica dessa comunidade.
A identidade
étnica aqui esta sendo entendida como um processo identitário (Nóvoa,1992,
Hall, 1997).
A questão da
história oral, ela trás à tona elementos que têm permitido compreender como as
pessoas recordam e constroem suas memória bem como tece sua identidade enquanto
sujeito étnico. Em se tratando de um método que cria seus próprios documentos,
que são por definições diálogos explícitos com a memória do depoente, formando
assim um triângulo entre a experiência do passado, o contexto presente e a
cultura que se recorda, isso faz com que as fontes orais sejam resultantes de
um trabalho da memória.
Relatando
Raimundo Amorim um dos negros filho da negra Maria Cacilda dos Santos, 96 anos
de idade que as manifestações mais significativas resistiram e se mantém, o ‘tambor
de criola” atualmente festeja-se a festa de São Sebastião em janeiro também a
comunidade absorveu a festa profana da cidade como o carnaval em fevereiro para
março as quadrilhas juninas e em setembro a festa religiosa Nossa Senhora do
Perpétuo Socorro, em outubro, a festa de São Benedito o santo Padroeiro em dezembro. Nas festas
dos santos há procissão, ladainhas levantamentos do mastro e derrubada de
mastro, musica e dança.
No dia 7 de
setembro uma grande programação com disputas de futebol e festa animada regada
á música e dança com o povo da comunidade e quilombos convidados e ao mesmo
tempo com comunidades aos arredores do quilombo de camiranga, segundo o relato
de D.a. Vita negra de 95 anos segundo o seu perfil ela, nasceu na comunidade a
sua mãe era índia pega de laço e seu pai era negro vindo do maranhão onde está
concentrado a maior quantidade de negro fugidos na época colonial das fazenda
de café.
Foi absorvido
pela comunidade a festa do divino que ocorria em maio com muita animação e
elaboração de rituais africanos.
O tambor de
criola é uma forte expressão da cultura local, embora fragilizada ao longo do
tempo, na sucessão das gerações. O tambor de criola compreende canticos e
danças acompanhadas de tambores diferenciados os homens tocam agachados com os
tambores entre as pernas, as mulheres dançam, sacudindo em volteios e requebros,
as mulheres vestidas com saias coloridas e rodadas.
Permanecendo apenas a Irmandade do Divino e de
São Benedito, o santo negro da comunidade. Segundo Del Priore isso acontece porque:
Sendo simultaneamente fenômenos comunitários e hierárquicos elas exprimem
solidariedade de grupos sociais subordinados a uma paróquia, reforçando tanto
os laços de obediência à Igreja e aos poderes metropolitanos quanto aqueles
internos, entre os membros de uma comunidade. (Del Priore, 1994, p. 23).
Segundo relato
local uma das primeiras religiões a chegar na comunidade de camiranga foi a
católica, o padre vinha da cidade de Ourém hoje município do estado do Pará ele
se hospedava na casa de Da. Vicença outra negra moradora do quilombo, dizia ela
que quando se rezava a missa não se faziam festas só no outro dia depois que o
padre se retirava da comunidade, o padre não misturava o espiritual com o
profano, já afirma o negro nazareno como é chamado que as festas foi
enfraquecendo, as festas religiosas do quilombo foram lentamente desaparecendo
foi devido a interesses pessoais confundindo religião com cultura segundo a sua
opinião religião não é cultura, tambor de criola é cultura. ( grifo meu ).
O negro Raimundo
Amorim afirma em relato que a comunidade vivia em paz na época do ouro, não se
via inimigos do alheio podia se deixar até ouro na porta de casa que ninguém
levava, pois nesse tempo o quilombo vivia em plena época do ouro que descia
pelo Rio Gurupi... ( segue pesquisa )
FORMAÇÃO E CONTRIBUIÇÃO
DOS TERREIROS DE CAMDOBLÉ NA ÉPOCA
COLONIAL
Final do século XVII a meados do
XIX, os povos Nagôs-Iorubá e Jeje-Fon , que ocupavam as regiões que correspondem
hoje ao Benim e á Nigéria, tornaram-se as principais
vítimas do processo escravagista na costa ocidental do continente africano. E
dentre os homens e mulheres que eram
embarcados nos navios negreiros rumos ao Brasil, nos portos de Uidah no antigo
Dahomé e Onin na Nigéria, estavam presentes sacerdotes conhecedores de práticas
religiosas, responsáveis, pelo culto aos seus ancestrais e aos Orixás.
Ao atravessar o Atlântico negro ,
esta cultura que pelo seu caráter híbrido não se encontra restrita ás
fronteiras étnicas ou nacionais.
É possível notar a materialidade
das relações intraculturais na constituição dos terreiros de Candomblé, espaços
particulares de culto aos orixás que representam e ressignificam elementos de
uma África mítica que permaneceu viva no imaginário dos africanos e de seus
descentes do Brasil.
Os terreiros de Candomblé, apesar
de serem de origem brasileira, estruturam-se sobre os moldes e modelos tanto
das tradições sociais de ordem coletivas, quanto das de familiares dos povos
Iorubá e Fon, já que foram estes os responsáveis pelo estabelecimento do culto
aos orixás no Brasil.
Dentre os povos chegados ao
Brasil que contribuíram diretamente para tal organização estavam: os Ifon que
cultuavam Oxalufon ou Oxalufã ; - Obatalá ou Oxalá; Oyó – Xangô; Ekit – Ogum;
Ijexa – Ogum; Ilobu – Inlé; Egbá – Iemanjá; Ilexa – Logum Edé; Ejibo –Oxoguian;
Ketu – Oxossi e Savé – Omolu , ambos compondo universo mítico ioruba, entre
outros como os: Mahi, que trouxeram o culto a Sapata, Nanã Buruka e Dan –
Oxumaré; Modubim, que trouxeram o culto a Hevioso, Sgobo e Badé.Em meio a
estes,os povos que chegaram em maior quantidade foram os Oyó e os Ketu, o que
justifica a proeminência do culto ao orixá Xangô e Oxossi nos terreiros de Candomblés
( Beniste, 2003:21 ).
HISTÓRICO E FESTA BUMBA MEU BOI
Em seu isolamento, os quilombos desenvolveram seus próprios
cerimoniais e festividades. Considere o satírico bumba meu boi, celebrado por
todos os quilombos do Norte-nordeste do Brasil. Eles prestam homenagem à fábula
do Pai Francisco, um escravo dominado pela esposa que, grávida, tem o desejo de
comer língua de boi. (... ) O boi quase morto, por fim, religiosos nativos
trazem o animal de volta à vida sob baforadas de tabaco, água de cheiro e o
tilintar de chocalhos: o arsenal típico usado nos quilombos para a cura. A multidão vibra enquanto o boi, cambaleando,
se põe de pé.
Inserido na cultura popular, é no
estado do Maranhão que a festa do Bumba meu boi tem maior representatividade,
nas festas em comemoração aos santos populares.
A festa ocorre nos meses de junho
e julho, em São Luís, desde o século XVIII. A festa tem ligações com diversas
tradições, africanas, indígenas, inclusive com festas religiosas católicas,
sendo associada fortemente ao período de festas juninas. Sua realização
geralmente relaciona-se ao cumprimento
de alguma promessa a um santo, habitualmente São João, Santo Antônio e
São Pedro, portanto num ciclo de promessa e de graça ou milagre que pode ser
tão longo quanto o tempo da própria cura.
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